Publicado em 19-Dez-2017 às 13:42
Tecnologia mostra-se ao sector agrícola
Mais ou menos madura, a tecnologia não é algo que se guarde na gaveta. Quanto maior a divulgação das ideias e dos projectos, mais hipóteses há de se encontrar um lugar ao sol no mercado competitivo.
Para dar espaço ao que de melhor se faz em termos de inovação, a INOVISA abriu as portas a um grupo de empreendedores nacionais e convidou-os a marcar presença numa pequena mostra tecnológica que decorreu à margem da cerimónia de entrega do Prémio Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola.
Foram sete as empresas que responderam à chamada e apresentaram os seus projectos e a sua ambição em termos de investigação e desenvolvimento. À procura de visibilidade, clientes ou de investidores, todas apostaram trunfos para ganhar.
Com a participação nesta mostra, a Terrapro pretendeu divulgar, junto do público em geral, o seu trabalho de inovação no sector agrícola reforçando a notoriedade dos seus serviços de consultoria em agricultura de precisão e inovação.
“Apresentámos o serviço de gestão eficiente da rega e mapeamentos, quer de condutividade eléctrica do solo quer de vigor vegetativo das culturas, e aproveitámos para divulgar o trabalho desenvolvido em parceria com outras entidades”, resumiu Maria Cristina Sousa, responsável pela coordenação de projectos. A oferta de soluções “promotoras de uma gestão agrícola eficiente e sustentável, a custos acessíveis para os agricultores”, é a imagem que pretendem ver cimentada entre pares e no seio do sector agrícola nacional.
Já o projecto Wisecrop revelou-se com aspirações a ser o sistema operativo da agricultura. Na prática, este sistema consiste numa interface online, simples e fácil de usar, que integra um conjunto de aplicações especificamente desenhadas para ajudar a optimizar os diferentes processos da gestão agrícola.
“Cada aplicação contempla diferentes algoritmos de inteligência artificial que processam os dados recolhidos por diferentes fontes, de forma a enviar alertas preditivos de problemas que possam afectar as culturas – doenças, pragas, clima, necessidades hídricas”, explicou Tiago Sá, CEO da empresa. Com cerca de 100 utilizadores registados, este responsável pretende levar a solução a 270 mil agricultores em Portugal.
“Queremos que as entidades provedoras de agro-serviços saibam que existe uma forma de promoverem os seus produtos/serviços mais facilmente, optimizando também eles os seus processos”, afirmou o CEO.
Da monitorização à centralização dos dados
Ser reconhecida como uma empresa de referência na área da tecnologia e consultoria em gestão de rega e mostrar que é possível trabalhar de forma mais eficiente são objectivos que mobilizam a Aquagri a marcar presença nesta mostra tecnológica.
A empresa aproveitou a oportunidade para expor equipamentos inovadores, quer para apoio à decisão na gestão de rega (sondas de humidade e salinidade do solo; estações meteorológicas), quer para monitorização de doenças e pragas (estações meteorológicas com modelos de doença associados para diversas culturas que indicam a probabilidade de ocorrência das mesmas; armadilhas automáticas com câmara de alta resolução para contagem automática de pragas).
“Todos os equipamentos funcionam de forma autónoma e transmitem a informação por GPRS para um servidor onde os dados são trabalhados e posteriormente disponibilizados aos agricultores através de uma plataforma online – myirrigation.eu”, explicou António Ramos, director-geral da empresa.
Premiada na edição de 2016 do Prémio CA, a Black Block aceitou o convite da INOVISA para estar em contacto com o que de melhor e mais inovador se faz no sector agrícola em Portugal. Gonçalo Costa Martins, CEO da Black Block, reconhece que o Prémio CA é sempre uma “montra fantástica de produtos, projectos, ideias e equipamentos muitíssimo bem pensados e preparados para uma agricultura moderna”. A visibilidade para o secador Black Block é por isso o objectivo a alcançar. O projecto consiste num equipamento híbrido que desidrata alimentos e outros produtos agro-industriais, alimentando-se de energia solar. Com a patente europeia a correr (“patent pendente”), Gonçalo Costa Martins acredita que a agricultura moderna “não se compadece com equipamentos estáticos e opacos em termos de informação e tratamento de dados, sendo o Black Block um dispositivo acessível e monitorizável a partir de qualquer ponto do planeta, ecológico, económico e energeticamente eficiente”.
Disponível para “demonstrar a tecnologia em funcionamento, com total disponibilidade para discutir oportunidades de negócio”, foi a forma como Miguel Damas de Matos, director-geral da FarmCloud, se apresentou na mostra tecnológica. À procura de investidores e à conquista do primeiro cliente-bandeira em Portugal, a empresa defende o potencial da sua solução de gestão omnipresente e em tempo real para criação de animais em confinamento, cuja tecnologia permite a integração “plug & play” do FarmConnector com vários controladores de produção animal numa única plataforma agnóstica. “O que costumava ser informação dispersa apenas em cada uma das explorações passa a estar acessível numa única plataforma e para todos os interessados”, sustenta o responsável.
Inovação é um catalisador de oportunidades de negócio
Igualmente com a transparência em mente, não ao nível dos dados, mas em termos comerciais, Tiago Pessoa, CEO da Agri Marketplace, disse presente na mostra tecnológica com a sua plataforma digital de eCommerce Agri Marketplace. Uma plataforma que permite facilitar e agilizar o processo de compra e venda, tornando-o mais justo e transparente para todas as partes envolvidas na cadeia de valor alimentar.
“Acreditamos que o mercado tradicional de compra e venda de produtos agrícolas já está a sofrer alterações significativas, e o digital será cada mais relevante na modernização do sector agrícola”, afirmou o responsável. Nesse sentido a Agri Marketplace posiciona-se como um parceiro para produtores e indústrias, e tem como objectivo ser uma “referência nas transacções de produtos agrícolas para o mercado B2B nesta nova era digital” abrindo novos mercados e oportunidades de negócio, reduzindo o peso da intermediação que ainda existe na cadeia alimentar.
Também no segmento da rega, a Hidrosoph trouxe ao evento soluções de sistemas de apoio à decisão para agricultura de precisão.
“O nosso eixo principal de actuação é a rega, contudo, as nossas soluções estão em permanente desenvolvimento e evoluíram para outras áreas complementares como a caracterização de solos, utilização de imagens de satélite, fisiologia vegetal, entre outros”, esclareceu Joana Fonseca, consultora na empresa.
Encontrar potenciais clientes ou parceiros de negócios, seguindo uma abordagem baseada na criação de valor foi a base comercial que norteou a presença da Hidrosoph na mostra tecnológica promovida pela INOVISA.